Beethoven e sua surdez: a história por trás das maiores obras da música mundial

Por | Social Media na Uníntese |


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Um gênio atormentado. É inegável o papel de Beethoven para transformar a música em arte, contudo o renomado músico teve uma vida atormentada. No entanto, apesar de suas doenças e ele foi capaz de produzir sua Nona Sinfonia e reger a orquestra, mesmo surdo. Por isso, hoje iremos falar sobre Beethoven e sua surdez. Afinal, como as maiores obras da música mundial foram influenciadas por um músico surdo?

A saúde debilitada de Beethoven

Beethoven nasceu em Bonn, na Alemanha, por volta de 1770. Além disso, um fato marcante sobre a vida do compositor era sua saúde. O músico alemão sofria com diversos males, que só pioravam com os tratamentos médicos da época. Desse modo, especialistas forenses modernos investigaram a relação entre as doenças de Beethoven e sua surdez.

De acordo com o médico britânico Henry Marsh, o compositor sofria de diversas doenças, como: “enfermidade inflamatória intestinal, síndrome do intestino irritável, diarreia violenta, doença de Whipple, depressão crônica, envenenamento por mercúrio e hipocondria”.

Além disso,sabe-se que o alcoolismo era um mal da família de Beethoven, visto que sua avó e seu pai também sofriam com a doença.

No dia 27 de março de 1827, um dia após o falecimento de Beethoven, o renomado médico Johannes Wagner realizou uma autópsia no corpo do compositor e constatou que seu abdômen estava inflamado e que seu fígado tinha apenas um quarto do tamanho normal, evidências de cirrose hepática causada pelo consumo excessivo de álcool.

Por outro lado, um estudo realizado por William Meredith, pesquisador do Centro de Estudos de Beethoven da Universidade de San José, na Califórnia, sugere uma possível conexão entre o consumo de vinho e o envenenamento por chumbo. Essa teoria foi baseada em uma análise química do cabelo do compositor, que revelou a presença desse metal.

Isso porque, durante essa época, os comerciantes armazenavam suco de uva em barris revestidos de chumbo para fermentação. Embora isso desse à bebida um sabor doce e agradável, as pessoas desconheciam os perigos da toxicidade do metal pesado.

Atualmente, a medicina já sabe que o envenenamento por chumbo pode produzir danos neurológicos. No entanto, não é possível afirmar que Beethoven também sofria deste mal.

Beethoven e sua surdez

Resumindo: não há um consenso sobre a causa da surdez de Beethoven. Contudo, médicos e pesquisadores especularam inúmeras possíveis causas. No entanto, a autópsia realizada pelo médico Johannes Wagner, revelou que o aparelho auditivo de Beethoven estava gravemente afetado.

Possíveis causas:

– Ligada aos problemas abdominais de Beethoven, que teriam surgido na mesma época de sua surdez;

– Febre e enxaquecas frequentes que atormentaram Beethoven até o final de sua vida;

– Sífilis congênita importada do continente americano, que causou danos graves na população europeia da época.

Enfim, tudo o que se pode fazer é especular.Entretanto, uma coisa é certa: a surdez de Beethoven o atormentou até o fim de sua vida.

A carta de Beethoven

Já imaginou ficar surdo em uma época onde a medicina ainda dava seus primeiros passos e não havia difusão das línguas de sinais?

População de Viena no funeral de Beethoven.

Dito isso, apesar de não haver um consenso em relação a causa da surdez de Beethoven, sabe-se que seus problemas de audição começaram entre 1797 e 1798, graças a uma carta encontrada após sua morte, conhecida como o “Testamento de Heiligenstadt”.

“Testamento de Heiligenstadt”, a emocionante carta de Beethoven abrindo seu coração sobre a surdez.

Escrito em 1802 na localidade de Heiligenstadt, onde ele foi para recuperar sua saúde, o documento é endereçado a seus dois irmãos e expõe toda a sua alma e seus pensamentos mais profundos, abordando como a surdez o atormentava e explicava seu comportamento errático.

O médico Mackowiak descreve sua condição como uma “surdez rara, em termos atuais, pois começou lentamente e progrediu ao longo de uns 25 ou 30 anos”.

No começo, ele perdeu a capacidade de ouvir certas frequências e, com o tempo, outras foram se acrescentando. Em 1818, ele já tinha dificuldades para compreender o que as pessoas diziam, então pedia que escrevessem suas perguntas e comentários. No entanto, ainda podia captar certos sons, mesmo que de forma tênue, como quando se surpreendeu ao escutar um grito agudo, embora seja difícil saber exatamente qual era a situação.

A Nona Sinfonia de Beethoven

A última sinfonia de Beethoven foi composta e apresentada quando o músico já estava surdo. Isso aconteceu em 7 de maio de 1824, em Viena.

Mesmo surdo, Beethoven fez questão de reger a orquestra na estreia de sua Nona Sinfonia.

A elite cultural europeia se reuniu no Teattro Imperial da cidade. Príncipes e nobres, todos aguardavam o retorno de Beethoven.

Após 12 longos anos longe dos palcos, enfim o grande compositor, diretor e maestro retornava, diante de uma das maiores orquestras do mundo.

Assim, Beethoven fez aquilo que sabia fazer melhor: viver sua música. De costas para o público, ele dirigiu os músicos com toda a energia que lhe restava. Sacudindo o corpo todo e agitando seus braços freneticamente no ritmo da música.

Sua concentração era tamanha que, mesmo após o término da peça, ele continuou gesticulando. Foi então que uma das solistas se aproximou e o virou para que pudesse ver os aplausos efusivos que não podia escutar. Beethoven estava profundamente surdo.

Assista abaixo o trailer do filme “O Segredo de Beethoven” (2006):

Por fim, apesar de sua surdez e da frustração por não ter se casado, Beethoven continuou compondo obras expressivas, que transformaram a história da música mundial. Para tanto, ele dependia de sua imaginação para criar músicas.

No entanto, é preciso admitir que sua surdez o obrigou a injetar mais potência em sua música, dando-lhe uma qualidade pulsante. Diversos críticos modernos consideram que a surdez de Beethoven melhorou sua música de muitas maneiras, levando-a por caminhos inesperados e comoventes. Beethoven também mostrou suas qualidades humanas, como seu sentido de esperança expresso na Nona Sinfonia e em outras obras.

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