Surdos sofrem com falta de informações durante as chuvas no sul

Por | Social Media na Uníntese |


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Surdos estão diante de desastres sem acesso a informações, notícias e alertas climáticos. Isso tem causado uma grande sem acessibilidade aumentam a vulnerabilidade de pessoas com deficiência.

Imagine estar diante de uma tempestade avassaladora ou de enchentes, sem acesso às informações básicas de segurança. Essa é a realidade para muitos surdos em situações de desastre, como destacado por Francine Pedrotti, presidente da Sociedade dos Surdos de Caxias do Sul (SSCS). A falta de canais de comunicação acessíveis para contatar serviços essenciais como polícia e defesa civil torna a experiência ainda mais angustiante. Francine, assim como muitos outros no Rio Grande do Sul, vivenciou o impacto devastador do recente desastre ambiental, que já vitimou dezenas e afetou milhões de pessoas em todo o estado.”

A presidente da SSCS destaca a diferença entre legendas e intérpretes na transmissão dos pronunciamentos do governador. Francine explica que, embora muitos surdos compreendam o português, não é sua língua principal, dificultando a compreensão, especialmente de textos longos. Andrei Borges, criador do canal Visurdo, e Francine não tiveram acesso a previsões meteorológicas acessíveis antes das fortes chuvas atingirem o RS. Andrei critica a falta de convocação dos intérpretes pela prefeitura de Caxias do Sul para transmitir comunicados sobre o desastre. Francine expressa preocupação com membros da comunidade surda que não foram alertados sobre o desastre. Para superar a falta de informação, Francine recorreu a um grupo de intérpretes da empresa C&D para produzir vídeos com informações em Libras.

Mobilização para Traduzir Informações importantes

Andrelise Gonçalves Sperb, colaboradora da C&D e professora na Escola Especial Helen Keller, tomou a iniciativa ao ver a mensagem de Francine, mobilizando outras intérpretes para ajudar. “Como ouvintes, precisamos considerar essa minoria surda e garantir sua acessibilidade”, destaca Andrelise.

Jailza dos Santos Martins, também intérprete e professora, foi uma das primeiras a iniciar a tradução de notícias e alertas, enfrentando o desafio de selecionar o que transmitir em um momento tão crítico. “Como escolher o que transmitir? Deveríamos transmitir tudo”, lamenta. Inicialmente, as profissionais priorizaram informações sobre Caxias do Sul e região, expandindo depois para outras cidades duramente afetadas, como Porto Alegre, onde residem aproximadamente 80 mil pessoas surdas.

Clima Acessível

“É muito triste olhar um alerta meteorológico da defesa civil, estadual e federal, sem nenhuma acessibilidade. É muito triste ver um vídeo do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) sem nenhuma acessibilidade”, aponta Caroline Andrades. Em sua pesquisa de mestrado, ela produziu vídeos informativos sobre clima com acessibilidade, abordando temas como ciclones extratropicais e os fenômenos El Niño e La Niña. “A narrativa dos boletins da previsão do tempo é extremamente visual: alerta para essa mancha em amarelo do mapa – quais são as cidades? Na maioria das vezes não há uma descrição dos mapas, o que além de ajudar pessoas cegas, também poderia ter um papel didático”, complementa a pesquisadora. Abaixo está um dos vídeos feitos por Caroline sobre os fenômenos La Niña e El Niño, com audiodescrição e Libras.

Além das limitações nos telejornais e comunicados oficiais, Caroline destaca a ausência de descrições alternativas em publicações nas redes sociais. “Nem nos alertas da Defesa Civil do RS nas redes sociais há texto alternativo. Isso exclui as pessoas cegas de um alerta”, explica. Segundo ela, inserir descrições e legendas é uma forma simples de tornar conteúdos acessíveis. “É crucial contextualizar como o aquecimento global afeta as pessoas em diferentes aspectos. As pessoas com deficiência sensorial também têm direito a esses conteúdos”, afirma Caroline. Para Francine Predotti, o trabalho das intérpretes voluntárias representa uma esperança para conscientizar os governos e a sociedade.