Autista aprende Libras para se comunicar com amiga

Por | Social Media na Uníntese |


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Aos 12 anos, Ana Maria Machado, menina autista deu início à sua jornada na Língua Brasileira de Sinais (Libras), impulsionada pelo desejo de se conectar com sua colega de classe. Hoje, aos 18 anos, ela trilha os caminhos da faculdade de Letras, Português e Libras, desempenhando o papel de intérprete simultânea em eventos cívicos, shows e outras ocasiões, rompendo barreiras e construindo pontes de inclusão.

Marginalizada repetidamente nas salas de aula, Ana Maria Machado, diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA), encontrou inspiração em uma amiga surda para mergulhar de cabeça no aprendizado de Libras. Hoje, aos 18 anos, oriunda de Arujá, na Grande São Paulo, já emprestou sua voz como intérprete em eventos cívicos, shows e diversos outros eventos.

“Recebi o diagnóstico de autismo aos um ano e dois meses, ao lado de minha irmã gêmea. Desde então, enfrentei a exclusão nas salas de aula, a falta de interação e os olhares estranhos dos colegas. No entanto, persisti nos estudos, comecei a falar aos seis anos e me submeti a terapia multidisciplinar, que continuo até hoje”, compartilha Ana Maria.

Ela ainda conta com o apoio de uma equipe multidisciplinar, composta por terapeuta ocupacional, psicóloga e fonoaudióloga. Desde a infância, esse suporte tem sido fundamental para seu desenvolvimento, mas o sentimento de exclusão nas salas de aula ainda a incomodava.

Aos 12 anos, Ana Maria compartilhava a carteira com Beatriz, uma colega surda. Decidiu então mergulhar no aprendizado de Libras para que Beatriz não se sentisse mais isolada e excluída. Essa escolha tornou-se sua paixão e seu foco principal. Em pouco tempo, já havia dominado os fundamentos da língua, o que ocorreu logo no primeiro ano de estudos na área.

“Aprendi Libras porque me coloquei no lugar dela. Nenhum colega demonstrava interesse em se comunicar com ela, e eu sentia a mesma solidão na escola, pois também era excluída. Assim, ajudei-a a interagir, e ela me auxiliou a aprender”, relembra Ana Maria.

Autista participa de eventos como Intérprete

Participando ativamente de eventos cívicos e culturais na Câmara de Arujá. Ana Maria interpreta os hinos de Arujá, Mogi das Cruzes, Santa Isabel e Guarulhos, além do Hino Nacional.

Ela também teve a oportunidade de atuar como intérprete no show de Guilherme Arantes em Arujá. Participou como intérprete por videoconferência na “Expedição TEAfrica”, promovida pela Associação Osai, na Angola.

Após concluir o ensino médio em 2023, Ana Maria deu início ao curso de licenciatura em Letras, Português e Libras à distância, na Unifatecie, no Paraná, onde conquistou uma bolsa de estudos. O estudo é uma de suas paixões, e ela almeja transmitir conhecimento e inspirar futuras gerações como professora.

“Poder realizar tudo isso é extremamente gratificante para mim, pois assim posso promover acessibilidade e inclusão para pessoas surdas e autistas. Quero ensinar e demonstrar que o autista é capaz e que seu lugar é onde ele desejar estar”, enfatiza Ana Maria.

Suporte Familiar

Em meio às suas inúmeras realizações ao longo dos últimos anos, Ana Maria ressalta sempre a importância do apoio familiar e do tratamento multidisciplinar.

“É de suma importância que os pais de crianças atípicas compreendam que o diagnóstico não representa o fim, mas sim o início de uma nova fase, de uma nova jornada. É crucial que os filhos participem das terapias e frequentem a escola para aprender e socializar”, destaca.

Fátima Machado, mãe de Ana Maria, compartilha dessa visão e recorda o quanto as terapias foram cruciais na vida não só de Ana Maria, mas também de sua irmã gêmea, Maria Luiza.

“Elas foram diagnosticadas com autismo severo e não tinham contato visual, nem coordenação motora. Foi com muita luta, sacrifício e terapia que conseguimos essa evolução. Para mim é muito gratificante, eu me sinto realizada como mãe e pessoa, porque vejo que o meu trabalho está sendo recompensado. Eu pensei muitas vezes em desistir, mas desistir não é uma opção. Levar inclusão e acessibilidade é nosso dever como ser humano”, afirma a mãe.

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