Por que atletas surdos não participam das Paralimpíadas?

Por | Social Media na Uníntese |


Conheça a história por trás dessa importante curiosidade: Por que atletas surdos não participam das Paralimpíadas?

Por que atletas surdos não participam das Paralimpíadas?
A edição de 2022 será a primeira Surdolimpíadas em um país da América Latina (Divulgação: site oficial do evento)

As Paralimpíadas

A edição das Paralimpíadas de Tóquio 2020 iniciou na terça-feira, 24 de agosto. Agora, mesmo com 6 décadas de Jogos Paralímpicos, surgem ainda dúvidas como: Por que atletas surdos não participam das Paralimpíadas?

Nesse texto você vai descobrir os reais motivos do por quê atletas surdos não estão inseridos nos Jogos Paralímpicos.

Primeiramente, um dos principais motivos é que os surdos já tem uma competição própria. As Surdolimpíadas.

Em suma, esse motivo já encerraria a sua leitura por aqui.

Mas, continue lendo e surpreenda-se.

No entanto, essa não é a única razão para os atletas surdos não participarem das Paralimpíadas.

O fato é que, bem antes de surgirem as competições esportivas para pessoas com deficiência, os jogos voltados para atletas surdos já eram realizados.

Atletas surdos não participam dos Jogos Paralímpicos e sim dos Jogos Surdolímpicos

Os Jogos Surdolímpicos (antes chamados de Jogos Internacionais Silenciosos) foram realizados pela primeira vez em 1924, em Paris, na França.

A próxima edição das Surdolimpíadas será realizada no Brasil, na cidade gaúcha de Caxias do Sul. A competição estava prevista para ocorrer em 2021, mas foi adiada por conta da pandemia do Covid-19.

Com o adiamento, a competição está prevista para acontecer entre 1º e 15 de maio de 2022.

Ao todo, estão previstos cerca de 4 mil atletas, de mais de 100 países, para as disputas em 21 modalidades esportivas, como atletismo, basquete, vôlei, futebol, tênis, handebol, ciclismo, judô e karatê. Leia mais aqui.

Abertura das Paralimpíadas de Tóquio, em 1964.
Abertura das Paralimpíadas de Tóquio, em 1964 (Foto: Hulton Archive/Getty Images)

Por que as Paralimpíadas surgiram após a 2ª Guerra Mundial?

Os primeiros Jogos Paralímpicos, sob esse nome, foram realizados em Roma/Itália, em 1960, desde então, são promovidos a cada quatro anos, assim como os Jogos Paralímpicos de Inverno, que tiveram sua primeira edição em 1976, na Suécia.

As competições esportivas para pessoas com deficiência só ganharam força com o objetivo de reabilitar soldados feridos em combate durante a guerra.

Portanto, em 29 de julho de 1948, foi organizada a primeira competição para atletas em cadeiras de rodas, um torneio de tiro com arco, chamado de Jogos de Stoke Mandeville, que ficou sendo realizado anualmente.

Em 1952, militares holandeses aderiram ao movimento e os Jogos de Stoke Mandeville se tornaram internacionais.

Somente a partir de 1964, em Tóquio, esse evento esportivo passou a ser conhecido como Jogos Paralímpicos.

Desta forma, muito antes de existir uma competição internacional com diversas modalidades esportivas para pessoas com deficiência, já existiam as competições internacionais para surdos.

O Comitê Paralímpico Internacional só foi fundado em 1960, ou seja, 36 anos após a fundação do ICSD (International Committee of Sports for the Deaf).

O ICSD, que é o Órgão internacional que organiza internacionalmente o desporto de surdos, é reconhecido pelo IOC (International Olympics Committee) desde 1955, foi um dos membros fundadores.

Mas afinal, por que atletas surdos não participam das Paralimpíadas?

Em 1995, o ICSD se juntou ao Comitê de Coordenação Internacional – CCI para fornecer uma estrutura organizacional ao desporto adaptado, contudo, com a condição de manter a autonomia e prosseguir com seus jogos.

Mas, uma das dificuldades seria a eliminação de algumas modalidades, devido a incapacidade dos Jogos Paralímpicos acomodar o número crescente de surdoatletas, e por causa das exigências de comunicação de surdos, em função do alto custo de fornecimento de intérprete da Língua de Sinais.

E, portanto, depois de 15 anos de luta, finalmente a IOC e o ICSD assinaram o Memorando de Reconhecimento (MoU), em 08 de março de 2016, e desejam que em um futuro próximo, o Esporte Surdolímpico volte a ser valorizado como antigamente.

Outro aspecto é que os surdos não se consideram pessoas com deficiência, em particular na capacidade física.

Entre os atletas permitidos a competir nos Jogos de Surdos não há classificações ou restrições, exceto a exigência de que tenha perda auditiva de pelo menos 55 decibéis no melhor ouvido.

Nos Jogos Surdolímpicos, os surdoatletas são capazes de competir e interagir entre si livremente, nesse sentido, não há a necessidade de intérpretes de Língua de Sinais. Então, se forem competir nos Jogos Paralímpicos, será necessário um grande número de intérpretes para evitar as barreiras de comunicação.

Atletas nas Surdolimpíadas.
Em suma, a luta da comunidade surda é por mais reconhecimento, valorização, visibilidade e investimentos nos Jogos Surdolímpicos.

Por fim, os surdos não participam das Paralímpiadas porque assim ficou decidido entre ICSD, IPC e IOC como melhor forma para desenvolvimento das atividades específicas de cada.

A luta da comunidade surda é por mais reconhecimento, valorização, visibilidade e investimentos nos Jogos Surdolímpicos. A Uníntese está junto nessa luta!

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