Os desafios de quem trabalha com surdocegos durante a pandemia
O cenário da pandemia afetou diretamente o aprendizado da comunidade surdocega. O fato de a maioria das pessoas que apresentam essa deficiência depender do tato para se comunicar e aprender tornou a atividade mais complicada desde o ano passado.
Na maioria dos casos, a família é fundamental para estabelecer a mediação do diálogo entre os professores e os estudantes surdocegos.
Conceito de surdocegueira
A surdocegueira, por definição, é uma deficiência que compromete, em diferentes graus, os sentidos da visão e audição. A privação dos dois canais responsáveis pela recepção de informações a distância afeta o desenvolvimento da comunicação e linguagem, a mobilidade, a autonomia, o aprendizado etc.
Há pessoas que podem ser totalmente surdas e cegas ou apresentar resíduos auditivos e/ou visuais. O sujeito pode ter cegueira e baixa audição; surdez profunda e baixa visão; baixa visão e audição ou ter cegueira e surdez profundas. Vale ressaltar que, mesmo com a presença de resíduos (auditivo e/ou visual), o indivíduo pode ser considerado uma pessoa com surdocegueira. Isso acontece quando não se consegue compensar a perda visual com o resíduo auditivo, ou o contrário, a perda auditiva com o resíduo visual.
A surdocegueira é classificada em dois grupos: congênita, quando o indivíduo nasce com a deficiência; e adquirida, quando a pessoa nasce com perda visual ou auditiva, adquirindo outra no decorrer da vida. Em ambos os casos, há o desafio de comunicação.
Desafios para o aprendizado de surdocegos na pandemia
Ter que ensinar a distância pessoas que dependem do toque é um desafio muito grande.
Nestes casos, o papel da família é fundamental. Profissionais do Núcleo de Atendimento Educacional à Pessoa com Surdocegueira, vinculado ao Ministério da Saúde, relatam experiências vivenciadas ao longo dos últimos meses.
Nos primeiros meses da pandemia, eles relatam que mantiveram contato com os alunos por meio de aplicativo de mensagem de texto. Aqueles com resíduo visual e/ou auditivo conseguiram se comunicar diretamente com os professores. Já os demais, com surdocegueira total, receberam auxílio dos familiares.
Passada essa fase inicial, os profissionais passaram a adotar atividades pedagógicas por WhatsApp para quem ainda tinha resíduo auditivo e visual.
Já nos casos de surdocegos cujas perdas sensoriais são mais severas, a alternativa foi fazer reuniões com familiares, para que os parentes pudessem executar de forma presencial algumas atividades. Nestes casos, cada pessoa recebe um diferente tipo de abordagem, por serem muito heterogêneos dentro da surdocegueira.
Sobre o desafio, a professora Flávia Miranda, coordenadora do Núcleo, explica: “Para nós, da equipe que fazemos o atendimento aos alunos surdocegos, a experiência do ensino remoto tem sido desafiadora, com tentativas e constantes reformulações. No entanto, esse processo vem demonstrando novas possibilidades para o fazer pedagógico e evidenciando que uma ação conjunta entre profissionais, alunos e familiares é fundamental para a continuidade ao trabalho que está sendo realizado”.
Sobre as habilidades para trabalhar junto a surdocegos
As peculiaridades exigidas por quem atua no processo de aprendizado de surdocegos tornam o trabalho pedagógico uma tarefa com alto nível de complexidade. Os professores necessitam formação específica para assegurar o direito à educação desses alunos.
O Ensino.Digital oferece um curso de capacitação em deficiência múltipla e surdocegueira, cujo objetivo é oferecer aos profissionais da educação suporte teórico e material de apoio para mediar a comunicação e aprendizagem de crianças e jovens com surdocegueira e/ou deficiência múltipla, facilitando a compreensão desse universo ainda pouco explorado, bem como qualificar pedagogos e demais professores para a compreensão acerca do processo de desenvolvimento, bem como de ensino e aprendizagem dos alunos com deficiência múltipla e/ou com surdocegueira.
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