A mulher que traduz a música para quem não pode ouvir

Karina Zonzini Bueno é a mulher que traduz a música para quem não pode ouvir. Ela precisa de pouca coisa para trabalhar, uma boa conexão de internet, uma câmera e um fone de ouvido já são suficientes. Assim, em sua parede verde ela auxilia na tradução e interpretação da Libras em lives, videoaulas, shows e gravações. Segundo Karina, a demanda por seu trabalho aumentou depois da pandemia.

Libras por amor

O interesse de Karina pela área de tradução e interpretação da Língua Brasileira de Sinais surgiu quando ela conheceu seu ex-marido surdo. Como ela conta, há 14 anos atrás não haviam espetáculos de entretenimentos com acessibilidade, a não ser os religiosos.

“O primeiro show que vimos juntos foi o do Nando Reis, e não tinha intérprete. Não dava para ele saber o que estava acontecendo. Então, foi ali que despertou a vontade de me especializar”, afirma Karina.

Além disso, Karina que é formada Pedagogia, fez curso de Libras em 2014 e prestou a prova de proficiência. Desse modo, ela se qualificou para atuar em todo o território nacional como intérprete. Por fim, ela também realizou uma especialização em Educação Inclusiva Especial.

Os desafios e o poder de promover acessibilidade na cultura

Karina leva a cultura para milhões de brasileiros que não podem ouvir música e teatro. Assim a mulher que traduz a música para quem não pode ouvir, com uma estrutura simples ela realiza turnês pela país, com shows e peças de teatro.

Para ela, mais crianças deveriam sonhar em ser intérpretes no futuro:

“Sempre brinco com os meus alunos no primeiro dia de aula: ‘Alguém aqui queria ser médico quando era pequeno? Advogado? Bailarino?’ A maioria levanta a mão. ‘Mas e intérprete de libras?’ Ninguém levanta. ‘Pois é, eu também não. Pra gente ver como são as coisas, né?’”.

Realização de um sonho

Karina sempre teve o sonho de ser uma das integrantes d’As Frenéticas, encantada com as botas bonitas e coloridas usadas pelo grupo e além disso, trabalhar com o famoso apresentador Chacrinha. Embora a vida tenha tomado outros rumos para ela, Karina teve a sorte de realizar um desejo pessoal durante a pandemia, ao participar de uma peça com As Frenéticas.

Como resultado, ela decidiu fundar uma empresa de intérpretes, que conta atualmente com 18 colaboradores fixos e freelancers em todo o Brasil, prontos para atender às demandas agitadas do trabalho de intérprete de Libras.

Além disso, Karina também é a fundadora da ONG Surdo Mundo, que já trabalhou com intérpretes da Colômbia e dos Estados Unidos, além de ter colaboradores em várias cidades do Brasil, como Brasília, Belo Horizonte e Nordeste. Em vez de se contentar em subir em um único palco, Karina escolheu transformar a vida (e a música) de milhares de pessoas surdas em vários palcos, colaborando com artistas como Caetano Veloso, Lenine, Gal Costa. No carnaval ela também trabalhou em blocos como o Bangalafumenga, no Rio de Janeiro e em São Paulo, e o tradicional Galo da Madrugada, que atrai mais de 2 milhões de pessoas anualmente em Recife (PE).

“Eu não sabia se eu chorava ou se interpretava quando vi aquela multidão. O mais legal é quando você vê surdos lá embaixo sinalizando para você. Aí a gente percebe que a arte tem que ser para todos e como ela tem esse poder de agregar”, afirma Karina.

Aos 42 anos, ela se orgulha de ter renunciado ao seu sonho inicial para realizar um sonho maior e fazer a diferença na vida das pessoas.

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